domingo, 12 de junho de 2011

Vacina contra Dengue em Teste!

Notícia - na íntegra - publicada pelo Diário do Pará em 24/05/2011 (acesse aqui). 
Outras informações podem ser acessadas aqui (Blog Sanidade Animal) e aqui (Reuters América Latina).

A comunidade científica trabalha com a perspectiva de que em 2014 já estará disponível no mercado uma vacina com alto grau de eficácia para prevenção da dengue. Desenvolvido pelo laboratório francês Sanofi Pasteur, o produto já está na terceira e última fase de testes. A previsão dos pesquisadores é de que a vacina será capaz de oferecer resposta imunológica para os quatro diferentes tipos de vírus causadores da dengue hoje conhecidos.

A informação foi dada ontem pelo chefe do Departamento de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas (IEC), Pedro Vasconcelos, durante o IV Simpósio Internacional sobre Arboviroses dos Trópicos e Febres Hemorrágicas Virais (FHV). O laboratório do IEC é o centro de referência nacional em arboviroses e, no plano internacional, é um dos centros colaboradores das organizações Mundial e Pan-americana de Saúde para referência e pesquisa nesse ramo da ciência médica.

De acordo com o pesquisador, a vacina foi administrada no seu estágio inicial, ou fase pré-clínica, em modelos animais, especialmente macacos e camundongos. Depois, em sequência, foi testada com sucesso em duas etapas, a primeira envolvendo um grupo muito pequeno, cerca de 50 pessoas, e a segunda com um número entre mil e dois mil voluntários.

A fase atual, segundo ele, deverá se estender até 2013 e envolve aproximadamente 40 mil pessoas. Os testes, acompanhados por profissionais vinculados a universidades e centros de pesquisa, são realizados no Brasil, México, Porto Rico, Nicarágua, Peru e Equador, no continente americano, e em cinco países asiáticos – Tailândia, Indonésia, Malásia, Vietnã e Cingapura. Pedro Vasconcelos, que até 2009 integrou o comitê assessor para avaliação da vacina contra dengue da Organização Mundial de Saúde, disse que o IEC não tem participado diretamente dos testes clínicos, mas colabora com o projeto oferecendo metodologia própria para testes de diagnóstico para avaliação.

De acordo com Pedro Vasconcelos, as equipes de pesquisadores envolvidas no projeto, no Brasil e no exterior, terão um prazo de dois anos para se certificar, até 2013, sobre o grau de eficácia da vacina. Isso se dará, conforme frisou, através do acompanhamento das pessoas vacinadas. Como elas estão em áreas de transmissão do vírus, bastará verificar se desenvolverão ou não a doença. Os cientistas também vão observar e avaliar, nesse período, a quantidade de anticorpos protetores mantida no organismo pelas pessoas submetidas aos testes com o novo produto.

HEMORRÁGICA

O chefe do laboratório de virologia do Instituto Evandro Chagas disse que muito raramente a dengue clássica evolui para óbito, sendo por isso considerada uma doença com baixíssimo índice de letalidade. O problema se agrava, porém, conforme frisou, quando a dengue evolui para a forma hemorrágica. Nestes casos, o índice de mortalidade fica entre 5% e 10%.

O pesquisador reconheceu que a ciência não tem até hoje conhecimento pleno sobre os mecanismos que levam à evolução da dengue para a sua forma mais grave. O que existe, segundo ele, são teorias e hipóteses científicas, algumas até polêmicas. Alguns pesquisadores, por exemplo, admitem a hipótese de que o problema possa ter alguma vinculação com o aparecimento de vírus mais patogênicos, enquanto que na maioria dos casos eles tenderiam a ser menos agressivos. Outra teoria com boa aceitação entre pesquisadores sugere que as infecções sequenciais tenderiam a deixar o indivíduo mais suscetível à forma mais grave da doença. (Diário do Pará)

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