domingo, 14 de setembro de 2008

Cinomose Canina

Recebi outro informativo do Promed-Port, desta vez sobre um surto de cinomose canina em Araraquara-SP.
Segue abaixo o alerta - e depois meus comentários.

CINOMOSE, CAES - BRASIL (ARARAQUARA, SP)
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ProMED-mail e um programa da / es un programa de la International Society
for Infectious Diseases <http://www.isid.org>

Data: Domingo, 14 de setembro / septiembre de 2008
De: ProMED-PORT
Fonte: EPTV Central [13.09.2008]

Cães de Araraquara sofrem surto de cinomose

Na maioria dos casos, a doença leva o animal à morte

13/09/2008 - 14:03 - Um surto de cinomose preocupa a Associação de Proteção aos Animais (AAPA), em Araraquara. A doença atinge o sistema nervoso dos cães e, na maioria dos casos, leva à morte.

O número de chamados nas clínicas veterinárias da cidade alertou as autoridades para o aumento nos casos. De acordo com a estimativa do Centro de Zoonoses, Araraquara tem, em média, 30 mil cachorros e, dos 10 mil castrados, 70% não tomaram a vacina contra a cinomose.

A veterinária Dinara Altemari alerta para a importância da aplicação correta da vacina como a única forma eficaz no combate à doença. "Se o cachorro tomar as três doses da vacina e depois o reforço anual, não vai pegar a doença", afirma.

O vírus, que só é transmitido aos cachorros, está nas ruas e qualquer cão não vacinado que tiver contato direto com um animal doente será infectado.

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[A cinomose é uma doença viral que acomete carnívoros de diversas idades, sendo os mais jovens (e não vacinados) mais suscetíveis. Ao contrário do que diz o texto, a transmissão não é exclusivamente por CONTATO DIRETO, sendo a transmissão indireta (aerossóis, secreções, fômites, solo, água) extremamente importante na cadeia de transmissão. Em casos de cinomose, o vazio sanitário deve ser praticado.

O vírus da cinomose (Canine Distemper Virus) pertence à família Paramyxoviridae e gênero Morbillivirus, com genoma RNA de fita simples negativa e envelopado.

É uma doença de distribuição mundial e vale ressaltar que o vírus tem várias fases de replicação - trato gastrintestinal, trato respiratório e, finalmente, sistema nervoso central - e pode oferecer uma variedade de sinais clínicos devido a essa diversidade de sítios de replicação. Deste modo, nem sempre os sinais neurológicos aparecem ou podem, ainda, ser os únicos observados. Entre outros fatores, os quadros clínicos variam, principalmente, devido a estirpe viral, a carga infectante, o status imunitário do animal e a idade do acometido.

A vacinação é mesmo o melhor método de prevenção, devendo ser associada ao manejo sanitário dos animais e do local onde estes vivem.]

Para pensar ou discutir, seguem algumas perguntas:

1)No texto, há um trecho que diz que em Araraquara existem "em média, 30 mil cachorros e, dos 10 mil castrados, 70% não tomaram a vacina contra a cinomose". Por quê esses animais foram castrados e NÃO foram vacinados?
2)Como fazer a estimativa do número de cães e gatos de um município?
3)Epidemiologicamente, como explicar o surto de cinomose naquele município? E como foi caracterizado como surto?
4)Sendo um vírus envelopado e a transmissão por aerossóis bastante relevante, como controlar a disseminação?
5)Quais são as características imunitárias da vacina e qual a cobertura vacinal desejada para aquele município?
6)Ainda sobre a vacina, por quê são recomendadas três doses e quais as chances de, mesmo vacinado, o animal contrair a doença?
6)Foram relatados casos de cinomose em leões africanos e a sintomatologia nervosa é bastante semelhante à vista em cães domésticos. A doença em leões é causada pelo mesmo vírus dos cães?

Outras informações um pouco mais aprofundadas sobre cinomose podem ser encontradas na monografia de 2006 de Brunno Medeiros dos Santos - CINOMOSE CANINA – REVISÃO DE LITERATURA (acesse em PDF)

Sobre como o CDV pode saltar entre as espécies, visite texto em inglês publicado em 2007 [University of Leeds (2007, October 26). How Canine Distemper Virus Jumps Across Species. ScienceDaily. Retrieved September 14, 2008, from http://www.sciencedaily.com­ /releases/2007/10/071025094914.htm]

Sobre o CDV em leões, confira o artigo e vídeo de Will Easson, Bill Baxendale, Hal Thompson, Ray Hilborn, Irene McCandlish, Norman Wright, Vicki Dale - Canine Distemper Virus in the Serengeti Lion (Panthera Leo) - A Review and Video Footage (acesse aqui).

Uma opção de tratamento da cinomose pode ser lida na monografia de 2004 de Anderson Dellai Matthiesen - Acupuntura no Tratamento da Cinomose Canina (acesse em PDF).

Veja vídeo do youtube sobre Cinomose, mioclonia e secreção ocular. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=DLX8taEHeEo

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