domingo, 12 de dezembro de 2010

Virus Chicungunya no Brasil??

Ministério da Saúde passa a monitorar vírus asiático transmitido pelo Aedes

Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo
A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (8/12) que o Programa Nacional de Controle da Dengue passará a monitorar  os registros da febre de Chikungunya – doença causada por vírus, que pode infectar humanos por meio da picada do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, e também pelo Aedes albopictus.


Originária do Sudeste Asiático e de alguns países da costa Leste Africana, a doença é menos grave que a dengue e se caracteriza por febre alta e dores intensas nas articulações de mãos e pés. A doença só pode ser transmitida pela picada do mosquito infectado. Não há transmissão de uma pessoa para outra. 

O nome Chikungunya significa “aqueles que se dobram” e tem origem no swahili, um dos idiomas oficiais da Tanzânia, onde foi documentada a primeira epidemia da doença, entre 1952 e 1953. Refere-se à aparência curvada dos pacientes que foram atendidos nos serviços de saúde. 

No Brasil, os três primeiros casos, todos importados, foram identificados em 2010: dois homens que estiveram na Indonésia – um de 41 anos, do Rio de Janeiro, e outro de 55 anos, de São Paulo; e uma mulher de 25 anos, também de São Paulo, que esteve na Índia. Todos estão recuperados. Os casos foram informados à Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e à Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Um dos pacientes de São Paulo (homem de 55 anos) chegou ao Brasil depois do período de transmissão, que é de até cinco dias após o início dos sintomas. Durante esta fase, se o mosquito picar o doente, poderá se infectar e passará a ser capaz de transmitir o vírus a outras pessoas. Os outros dois pacientes chegaram ao país dentro desse período. Medidas de eliminação de focos do mosquito foram intensificadas nas áreas próximas à residência e ao local de atendimento de ambos. 

De acordo com Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, até o momento, não existe transmissão autóctone do vírus no país – quando a pessoa se infecta dentro do território nacional. 

No último dia 6 de dezembro, técnicos do Ministério da Saúde reuniram-se com representantes das sociedades brasileiras de Medicina Tropical, Clínica Médica, Reumatologia, Pediatria e Geriatria para discutir as medidas que serão adotadas na rede de saúde para aprimorar a vigilância da doença.

Nas próximas semanas, deverá ser divulgado um guia de vigilância e manejo clínico de pacientes com suspeita de Chikungunya, em parceria com sociedades científicas e representantes das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. 

Sintomas

Os principais sintomas de Chikungunya são febre acima de 39 graus, de início repentino, e dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos, tornozelos e pulsos. A suspeita aumenta se a pessoa que apresenta esses dois sintomas tiver histórico recente de viagem às áreas nas quais o vírus circula de forma contínua. Podem ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele.

Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. O vírus pode afetar pessoas de qualquer idade ou sexo, mas os sinais e sintomas tendem a ser mais intensos em crianças e idosos. Além disso, pessoas com doenças crônicas têm mais chance de desenvolver formas graves da doença. A pessoa que tem Chikungunya fica imune a uma nova infecção pelo vírus.
Diagnóstico
O vírus só é detectado em exames de laboratório, que podem ser realizados na rede pública de saúde. O laboratório de referência nacional é o Instituto Evandro Chagas, localizado em Belém (PA). 

No Brasil, a notificação de casos da doença é obrigatória e imediata (em até 24 horas), regulamentada pela portaria 2.472/2010. Qualquer estabelecimento de saúde, público ou privado, deve informar a ocorrência de casos suspeitos às Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, que notificam o Ministério.

Assim como na dengue, não há vacina nem tratamento específico para Chikungunya. São tratados os sintomas, com medicação para a febre (paracetamol) e as dores articulares (anti-inflamatórios). Se os sintomas surgirem, as pessoas devem procurar a unidade de saúde mais próxima imediatamente. Recomenda-se repouso absoluto ao paciente, que deve beber líquidos em abundância. E, fundamentalmente, as pessoas não devem tomar medicamentos por conta própria. A automedicação pode mascarar sintomas, dificultar o diagnóstico e agravar o quadro do paciente. 

Em geral, Chikungunya é de baixa gravidade e as mortes são raras. Em 2006, na Índia, 1,3 milhão de casos foi registrado, sem nenhuma morte reportada. As pessoas costumam se recuperar em até dez dias após o início dos sintomas. No entanto, dores e inchaços nas articulações podem perdurar por alguns meses. Nesses casos, é necessário acompanhamento médico.
 

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