sábado, 15 de outubro de 2011

Feliz dia do Professor!

Da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo,
projeto-homenagem aos educadores.
Maiores informações:
http://www.lufernandes.com.br/valeuprofessor/

 Antes de mais nada, agradeço MUITO a todos os meus professores pela minha formação e por, direta ou indiretamente, influenciarem em minhas escolhas, em minha carreira e minha vida toda. Alguns professores foram essenciais e me lembro de muitas aulas até hoje!

Um dia, discutindo "como ser professor universitário" - sim, isso é tema de debate entre professores novos, afinal só estou na labuta há cinco anos!!! - relembrei muitos professores de minha vida e detectei que outros professores eu nem lembrava mais. Nem o rosto, nem o nome. Isso é terrível! Ser um professor e ser esquecido? Então a reflexão foi longe: os professores dos quais me lembro têm uma característica em comum: todos se fizeram importantes em alguma coisa. Tiveram a dedicação de, no mínimo, 'infernizar' a vida dos alunos. E esse infernizar foi desde cobrar demais, ser bravo demais, ser mau-humorado demais, falar demais... e aqueles poucos (mas perseverantes!) que ajudaram gratuitamente demais.

E, além da aptidão natural do aluno, tem o fator do professor ser a peça-chave para ajudar a se identificar com o tema - ou odiar.  O jeito de ensinar, a dedicação que tem, o domínio do tema e, acima de tudo, a paixão que tem pelo o que faz e ensina. Com quantas disciplinas nunca me identifiquei mas, devido à paixão do professor, me dediquei a aprender para, ao menos, ter um pouquinho dessa paixão em mim?

Refletimos também sobre a diferença entre estar sentado e depois estar em pé. É uma responsabilidade totalmente diferente. O aluno acha que professor não tem vida, não tem família, não vai ao banheiro, não sofre e sabe tudo de tudo. Ledo engano! Professor também é gente e também tem professor de todo tipo!! Essa imagem de 'supremacia', aos poucos, está se extinguindo, "graças" a professores mau-caráter, despreparados e sem humildade nenhuma para assumir que não gostam e nem entendem do assunto. Infelizmente esses entraves têm tornado as Universidades uma coleção de gente que não gosta e não tem habilidade nenhuma de ensinar - e que busca desesperadamente por cargos e encargos, nos quais também pouco contribuem (ou atrapalham!) para melhorar as condiçõe$ de ensino / pesquisa / extensão de quem faz isso de verdade. Talvez parte desse perfil desinteressado se deva às dificuldades enfrentadas no ensino superior. Hoje, após uma Universidade Estadual e duas Federais, em pé, diante de tantas turmas, incluo a burocracia para ceder estágio ("valeu", lei do estágio!) e submeter projetos, as falhas do sistema para passar notas e faltas, as parcialidades de concursos públicos, a falta de incentivo tanto de chefes quanto das administrações superiores e, principalmente, a falta de MERITOCRACIA. O mérito - em ensino, pesquisa e extensão - é praticamente NULO. Ninguém ganha a mais por isso, a não ser menção honrosa e "status" - que não paga o quanto gastamos do bolso para realizar as ações.  É por isso que quem ensina, pesquisa e faz extensionismo, os faz por muita vocação.

Outra problemática (sem solucionática) é a bola de neve do perfil dos alunos. Cada dia mais os alunos chegam com uma bagagem menor, mais simplistas, mais vc-tb-prof-pq e menos interessados em investigar e descobrir. Chega a ponto de ter que ensinar a buscar informações básicas mas relevantes no Google! Para quantos ensinei a "busca avançada - filetype: PDF"??? Eles nunca aprenderam a ser curiosos e chegam de um ensino fraco, de professores nada valorizados (com nanossalários e cargas horárias estratosféricas) e, com esse perfil mínimo no ensino superior, desestimulam os poucos professores que querem ir além! Se formam sabendo pouco ou nem sabem que área querem, alguns buscam aperfeiçoamento (ou o cabide da pós-graduação - não sei o que fazer, faço mestrado! e doutorado! e pós-doutorado! e outro pós-doutorado! tenho bolsa recém-doutor! = profissão: pós-graduando!) e, na mais triste perspectiva, alguns chegam a desistir da carreira. Os pós-graduados profissionais prestam concursos públicos para professor (que, graças, estão pipocando!) em áras que não os corresponde e... entram na bola de neve dos despreparados, desinteressados, nanossalários...

Mas quem realmente gosta sublima essas dificuldades e acredita que vai dar certo. Tem que dar certo! A coisa mais prazerosa é quando um aluno que se formou há anos volta a você e te pede auxílio. Seja para uma carta de recomendação, uma orientação, qualquer coisa! Prazer em ver a cara de dúvida daquele menino novo de segundo ano e, depois, a cara de resoluto quando chega no quinto. Orgulho inenarrável quando eles vêm, felizes, dizer que conseguiram o estágio que queriam, que escolheram uma área, que têm um emprego. E, sem dúvida, quando eles agradecem por um auxílio qualquer que ofercemos - nada mais que nossa 'obrigação' de docente. O bom de ser professor é professar - e também 'profeciar'. É deixar alguma coisa boa para essas pessoas que vêm e vão nas salas de aula e se tornam nossos colegas. E sentir que deu certo!

Na reflexão sobre "como ser professor" percebi como sou, o quanto ainda devo melhorar, o que tenho de cada professor que importou realmente em minha vida e, top of mind, o quanto sou apaixonada. Muito apaixonada! E que os professores sejam muito felizes com o que fazem e façam a diferença na vida dos alunos. Sem eles, não há nenhuma razão para ser professor.

Nenhum comentário: